Pachamama - O filme “Tudo é uma única força”

28 de fevereiro de 2010


Um filme de Eryk Rocha, que estreiou na última sexta-feira dia 26 de fevereiro, teve uma exibição especial no sábado seguinte de sua estreia, no Ponto cine, no Shopping de Guadalupe, com a presença do realizador para um diálogo com o público.
Pachamama é um filme que mescla poesia, realidade, fantasia, movimento, pontos, contra-pontos, e experimentalismo com documentário.
Numa viagem que teve ponto de partida o Rio de Janeiro, dentro de um jipe, juntamente com amigos que o convidaram para a expedição, Eryk ‘vestiu’ a câmera e filmou mais que uma viagem, com rumo para Bolívia e Peru. Apresenta no filme, nações que completam um continente, porém, é como que de nada servisse para todo o resto do mundo, que juntamente com o Brasil, está compondo uma América do Sul complexa, diversa e profunda.
Com um único roteiro elaborado, que era o do percurso, Rocha foi decidindo durante o trajeto o que filmar, com quem conversar, e depois de 1 mês, 80h gravadas, e editadas, surge Mãe Terra - PACHAMAMA O FILME.

-O filme conta a minha própria experiência viajante territorial, que está em movimento. O conflito social e político, essa pobreza, essas contradições não estão separadas da paisagem natural. A realidade contém a pobreza, conflitos sociais e políticos, mas também contém a montanha, a beleza natural dos Andes. Uma paisagem lindíssima, cores, texturas, a questão da natureza está junta com a política, assim como quando se discuti política ao lado do rio sagrado dos Incas, uma imagem bela onde se discuti uma coisa muito dura. Temos uma tendência a separar as coisas, fazer filme belo de paisagens, ou fazer um filme político. A natureza não está separada da política, acho que tudo convive, o amor convive com a natureza, com a política com a poesia, nos temos uma tendência a separar as coisas, o que é a realidade e o que é a fantasia, na cultura indígena não. O monoteísmo, o racionalismo europeu, o qual somos herdeiros, faz com que a gente separe as coisas, o homem e Deus, o corpo e a mente, o certo e o errado o que é realidade e fantasia, e na cultura indígena as fantasias já são uma realidade, as montanhas são o Deus. Eu me inspirei muito nessa ideologia indígena. A idéia do filme é misturar, tudo é um único fluxo, a natureza, os animais, os seres humanos, tudo faz parte de uma única energia, não tem a divisão que nós temos, tudo me inspirou para construir a linguagem do filme, tem uma vertigem no filme que é um movimento que muito me interessa, entre um lugar e outro, é um espaço da dúvida e da recepção.

Um documentário, com diferenciais, que engloba todos os tipos de pessoas, e todos os tipos de espectador.
A obra, apresenta uma América Latina que muitos, ainda infelizmente, desconhecem, por conta da própria mídia focar apenas cidades mais “importantes” economicamente, tais como Nova York, Paris, entre outras.

-Pachamama pra mim é a espiritualidade. É a Terra. Acho que essa relação com a Terra, que o indígena tem muito, é que nos falta. Pachamama é a fertilidade da Terra, é a Mãe Terra, e pra mim ela é o que está fertilizando um novo pensar político, uma nova sociedade, falando na sociedade ameríndia, porque eles estão se voltando para a ancestralidade, estão se repensando como sociedade, com a própria cultura deles, acho isso muito original, muito interessante, estão pensando numa democracia deles, na cultura deles, não estão pegando um modelo de democracia ocidental.

O cineasta Eryk Rocha supera toda a expectativa de quem entra numa sala de cinema para ver um documentário que tem pano de fundo cidades tão ainda desconhecidas pelos próprios vizinhos brasileiros.
Quem assiste ao Pachamama, tem a sensação de estar na expedição juntamente de Eryk Rocha.

“O amor convive com a natureza e com a política”
Eryk Rocha




Por Cristiane Santos



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